Quarenta dias depois da Páscoa, em Quinta-feira de Ascensão, assinalou-se Feriado Municipal de Santa Comba Dão, numa celebração que coincidiu com Dia Internacional dos Museus, comemorado a 18 de maio.
A confluência de datas não poderia ser mais oportuna, uma vez que um dos pontos altos do programa deste Feriado Municipal, Dia do Município, foi a inauguração do Núcleo Museológico de Artes e Ofícios (NMAO), situado no rés-do-chão da Casa dos Arcos, no Largo Alves Mateus.
Suzana Menezes, diretora regional de Cultura do Centro, presidiu estas comemorações que tiveram início no Largo do Município, com a Sessão Solene Comemorativa e de Atribuição de Medalhas de Mérito Municipal, num momento enriquecido pela atuação da Banda Filarmónica de Santa Comba Dão.
Durante a sessão, conduzida por Maria Pedro Pinto e Rodrigo Marques, dois jovens integrados no programa Geração S, foi evocado o Dia do Município, uma data de celebração e afirmação do território e da sua gente.
A cargo dos presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal (AM), Leonel Gouveia e César Branquinho, e da diretora regional de Cultura do Centro, as intervenções protocolares traduziram o reconhecimento por todos os santacombadenses – naturais e “de coração”, bem como das empresas, instituições e associações que contribuem para o desenvolvimento do território nas suas mais diversas vertentes.
“Em dia de Feriado Municipal, distinguimos os nossos, que, tantas vezes, com sacrifícios pessoais e familiares se notabilizaram em diversos domínios, contribuindo para o enriquecimento da nossa terra. E quando falo de enriquecimento falo, sobretudo, de capital humano”, sublinhou Leonel Gouveia.
Também o presidente da AM, César Branquinho colocou a a tónica da sua intervenção em Santa Comba Dão e nos santacombadenses, dando os parabéns aos “galardoados, homens e mulheres, funcionários da autarquia, empresas, entidades e associações”. “Com o vosso exemplo, com o vosso trabalho e determinação revigoramos as nossas forças para um país justo e solidário e uma Santa Comba Dão próspera e fraterna”.
Além de um território “rico em capital humano”, para Leonel Gouveia, Santa Comba Dão tem como mais valias a localização estratégica, o património arquitetónico, histórico, religioso e cultural, a paisagem natural e os (…) recursos endógenos”.
Sobre o futuro, e apesar do forte impacto da crise na gestão municipal, o autarca afirmou que no horizonte, “continua a estar um concelho com cada vez mais qualidade de vida, com um investimento empresarial crescente, com mais emprego e oferta para os jovens, e com uma capacidade de atração turística exponenciada”.
O autarca sublinhou que o “concelho está vivo e bem vivo, com boas dinâmicas de desenvolvimento nos mais diversos eixos”, acrescentando, no entanto, que “para alavancar todos os projetos em curso e os que tem preparado para o novo quadro comunitário, necessita de apoio do estado central e das estruturas regionais.” “Estamos num território de baixa densidade, penalizado pela Lei das Finanças Locais, com poucas receitas próprias e em que só com apoios consegue concretizar seu desenvolvimento”, reiterou.
Leonel Gouveia adiantou ainda alguns dos principais projetos, atividades e obras em curso ou a realizar pelo Município, como o parque verde da ribeira das hortas, a requalificação do lagar de azeite, central elétrica e construção de passadiços, e a ecovia do Mondego. Informou ainda que a escritura de aquisição da antiga Casa Paroquial foi assinada na passada semana, revelando que é objetivo da autarquia “aí instalar o Arquivo Municipal bem como um museu de Arte Sacra.
Sobre o Núcleo Museológico - um equipamento que, de acordo com o presidente da Câmara Leonel Gouveia, “ guarda memórias da nossa identidade” - a diretora regional da Cultura, Suzana Menezes, afirmou publicamente a sua satisfação por estar presente na inauguração. Com formação em museologia, a diretora regional expressou o simbolismo do ato inaugural estar associado à celebração do Dia Internacional dos Museus.
Afirmou acreditar “que a interpretação, a preservação e a valorização do nosso património cultural é, de facto, a chave essencial para a promoção de territórios mais sustentáveis e coesos, social e culturalmente”.
Sobre o NMAO, afirmou que, com este investimento, será largamente beneficiada “a compreensão sobre aquilo que é, efetivamente, Santa Comba Dão, os modos de vida e tradições das suas gentes”.
Suzana Menezes disse, ainda, considerar os núcleos museológicos como locais privilegiados da interpretação, “por intermédio da qual todo o nosso património cultural, material ou imaterial, se torna verdadeiramente acessível e inteligível“. “Um património não descodificado é apenas um lugar cheio de vazio”, reiterou.
Medalhas de Mérito Municipal
Após o período dedicado às intervenções protocolares, foram atribuídas as oito medalhas de mérito municipal, enquadradas na classe empresas. De acordo com o presidente da Câmara Municipal, as firmas galardoadas “contribuem para a empregabilidade na região, para o desenvolvimento económico, para a própria distinção e afirmação do concelho no panorama empresarial”.
A atribuição destas distinções coube à diretora regional da Cultura do Centro, e aos presidentes da Assembleia e Câmara Municipal. Receberam os galardões a Dierre (Rui Carreira), DIN (Rui Branquinho e João Agostinho), Pedrais & Santos (Hélder Santos), Ribadão Design (Armando Tavares), Socriz (Tiago Santos), Tesouro Urbano (José Almeida), Vaz & Pestana (Pedro Pestana) e Zebetoexport Unipessoal, Lda – Segredos Campestres (Belinha Nogueira e Sérgio Varela)
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Leonel Gouveia deu os parabéns a empreendedores e gestores, pelo investimento e visão, e aos trabalhadores por, todos os dias, vestirem a camisola e contribuírem para os objetivos desenhados.
Aos funcionários municipais Rui Fernando Gonçalves Queimada e Angelina Maria Ferreira de Carvalho, que não puderam comparecer na cerimónia, serão entregues, posteriormente, as respetivas medalhas pelos 25 anos de Bons Serviços.
Inauguração do Núcleo Museológico
Do Largo do Município, a comitiva rumou até à Casa dos Arcos, onde Leonel Gouveia e Suzana Menezes descerraram a placa inaugural do NMAO.
Já no interior do novo equipamento museológico, o presidente da Câmara percorreu a linha do tempo deste equipamento até à atualidade. Tudo começou em 2016, quando um grupo de voluntários desenvolveu um trabalho de sensibilização junto da população, que foi convidada a doar artefactos e outros objetos representativos de artes e ofícios tradicionais. Apesar de alguma resistência inicial, foi reunido um número considerável de peças, que foi sendo guardado e catalogado.
A instalação do NMAO, foi precedida pela realização de obras de refuncionalização do edifício, tendo em vista a sua adaptação a este fim expositivo.
Além das peças relacionadas com as artes e ofícios mais representativos de Santa Comba Dão, a estratégia expositiva contempla materiais informativos e audiovisuais, que concorrem para a interpretação, preservação e valorização de elementos patrimoniais locais. O conjunto de materiais possibilita a contemplação e compreensão do passado recente, bem como o conhecimento das artes e ofícios, usos e costumes da região. Leonel Gouveia agradeceu aos doadores e voluntários que recolheram o acervo e a todos aqueles que partilharam o seu saber neste equipamento.
O NMAO inclui várias salas e espaços expositivas, onde estão representadas as áreas da agricultura, tanoaria, da cultura da vinha, serralharia, carpintaria, ateliers de alfaiate e de fotógrafo e diversos objetos do quotidiano doméstico, que figuram numa cozinha de outros tempos.
O saber fazer está documentado num vídeo, que integra o percurso expositivo. Em filme é dado destaque a santacombadenses que ainda se dedicam a algumas profissões artesanais e que mostram várias etapas dos seus ofícios.
Ainda de acordo com Leonel Gouveia, o NMAO funcionará como um espaço dinâmico, havendo rotatividade dos materiais cedidos, uma vez que as peças doadas não podem estar todas expostas. Acrescentou, também, que muito há ainda a fazer, estando, por exemplo, projetada uma nova área dedicada à pesca, a integrar brevemente no NMAO.
“O que vão ver hoje não é o que verão daqui a um ano e meio”, concluiu.
A propósito da dinâmica que se pretende imprimir ao equipamento, Suzana Menezes referiu que a Direção Regional de Cultura tem defendido “como boa prática na área dos museus esta conversação permanente com a comunidade”. Acrescentou ainda que os museus, enquanto lugares de expressão e de voz da nossa comunidade, só existem quando essa comunidade está comprometida com estes equipamentos
A representante máxima da Direção Regional de Cultura deu ainda os parabéns a todos aqueles que conseguiram fazer no NMAO uma “síntese da comunidade”, deixando um desafio a todos os santacombadenses para que “não larguem este espaço”.